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No meu tempo é que era bom! Deve ser esta a frase que mais ecoa nas cabeças dos responsáveis do MEC. No entanto, a verdade é que nesses tempos o sistema de ensino servia os interesses e os propósitos de uma minoria de jovens em idade escolar. Entre essa minoria estava, concerteza, o ministro da educação e ciência. Diga-se, em abono da verdade, que esta é uma ideia recorrente, sobretudo para quem teve condições socioeconómicas para iniciar e concluir os seus estudos com sucesso. Após o 25 de abril diversas facetas do sistema de ensino democratizaram-se, entre as quais o facto das escolas terem de passar a acolher um elevado número de jovens, até à data em situação de abandono escolar. O caminho percorrido foi longo e só muito recentemente os números se podem considerar positivos no ensino básico, ainda que bastante afastados dos países com menores taxas de abandono escolar. A intensificação da luta contra este fenómeno aconteceu a partir de 2005, ano em que o ministério da educação e as escolas se empenharam, de facto, no combate a esta praga social. A aposta nos CEF e nos cursos profissionais, bem como as novas sinergias entre os estabelecimentos de ensino e diversas entidades locais com responsabilidades nas áreas social e da educação contribuíram para este sucesso relativo. A situação financeira e económica atual do país exige aos diversos atores no terreno e, em particular, aos responsáveis do ministério da educação e ciência, preocupações acrescidas no que diz respeito ao abandono e insucesso escolar. Casais desempregados com filhos em idade escolar, emigração de um membro do casal ou de ambos com a consequente desagregação do seio familiar do aluno, a falta de refeições equilibradas e o frio sentido em muitas casas, e outros males causados pela austeridade a que o país está submetido devem ser fatores acrescidos de preocupação. Mas, infelizmente, os responsáveis do MEC vivem alheados da realidade. Quantos deles terão passado fome? Para o ministro Nuno Crato e outros, não há coitadinhos... para eles todos estão em pé de igualdade, não há espaço para a benevolência. Seria bom que assim fosse, mas não é! A crise afecta o desempenho escolar das nossas crianças e jovens. Experimente-se estudar com frio! Mais do que se preocupar com exames, metas e outras coisas que tais, numa atitude do mais puro saudosismo dos tempos de estudante, preocupe-se em dar condições apropriadas às escolas, às famílias e aos jovens que procuram superar os diversos obstáculos com os quais são diariamente confrontados. Na realidade, como ministro da educação, deveria inquietar-se, exaltar-se, ser menos fleumático e agitar-se mais no cadeirão do seu gabinete com as situações aflitivas por que passam alguns dos alunos deste país. O caminho destes jovens é dificílimo e de certeza que, para eles, estudar não é tão bom como seria no seu tempo!
Foi um primeiro-ministro visivelmente tenso, zangado e ressabiado com o Presidente da República e TC que falou aos portugueses, hoje pelas 18h 30 min. Foi um discurso em que repisou as suas convicções e falta de ideias. Com a desculpa do acórdão do TC, pretende aprofundar as medidas recessivas impostas ao país nos últimos dois anos. Ameaça com a intransigência dos nossos credores. É forte com os fracos e fraco com os fortes. É um demagogo que mais uma vez opta pelo caminho mais fácil: cortes nas áreas da segurança social, da saúde e da educação e despedimentos na função pública. Seja como for, só deve haver eleições no final da legislatura. Assim sendo, a exigência de demissão do primeiro-ministro não faz sentido. A radicalização do discurso não é solução para os problemas económicos e financeiros do país. Portanto, o governo em conjunto com o PS devem voltar a sentar-se à mesma mesa e procurar as soluções e compromissos fundamentais para o país.
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